Bom noite.
Hoje irei falar sobre um assunto delicado, polêmico e pessoalmente falando, bastante frustante para o médico veterinário: a eutanásia.
A palavra eutanásia vem do grego e significa "boa morte". Nada mais é do que trazer o fim da vida de um indivíduo ou animal frente a uma situação onde a cura ou o bem-estar do mesmo não é mais possível. Na medicina humana é um assunto bem debatido e menos aceito do que na Medicina Veterinária. Embora seja proibido no meio, sabe-se de casos isolados, legais ou não, que aconteceram durante a história recente. É um assunto que envolve pesquisas e divide opiniões de profissionais, pessoas e instituições religiosas.
Na Medicina Veterinária é um procedimento de certa forma comum, mas nem por isso totalmente aceito por pessoas e profissionais. Seguindo o preceito de que o animal é uma propriedade de uma pessoa, essa tem total controle sobre ela, inclusive sobre sua saúde e sua vida. Dessa forma, muitas vezes acontece de o proprietário de um pet decidir pelo fim de um tratamento e autorizar o Veterinário a realizar a eutanásia. A analogia com a escravidão vista em países coloniais nao parece muito distante, no qual senhores eram livres para decidir o destino de seus escravos, inclusive sobre suas próprias vidas. Cada vez mais, percebemos a mudança da mentalidade dos tutores, onde se observa mais respeito para com o paciente, embora situações em que o proprietário apenas "quer se livrar do animal" ainda apareçam na rotina clínica
Obviamente, existem pessoas que pensam exatamente o oposto. Da mesma forma, quando se leva em conta de que o animal não é uma posse e sim um animal de estimação ou até mesmo um membro da família, essa decisão se tornar realmente muito difícil ou até mesmo impossível de ser realizada.
A eutanásia pode ser admitida, por assim dizer, por um ou mais das motivações a seguir: Quando o paciente se encontra em estado terminal, onde a cura clinicamente já não é mais possível; quando o paciente está em uma situação de moribundo, no qual ele não apresenta nenhum aspecto de melhora, sem qualidade de vida; quando os tutores estão em sofrimento frente a situação do paciente; ou por aspecto financeiro. Para mim, a motivação financeira é a menos aceita, porque acredito que tudo possa ser conversado e buscado uma solução visando a vida do animal.
Os outros fatores são digamos, decisões externas no qual não cabe ao profissional interferir. Infelizmente ou felizmente, a decisão ainda é do tutor. O veterinário não pode opinar ou decidir pelo proprietário do pet. Contudo, mostrar as reais condições do paciente e seu prognóstico é uma obrigação e esse é o fato que leva a família a decidir pela vida ou morte do paciente. Embora, seja duro aceitar, o veterinário não pode ficar indiferente ao sofrimento do paciente ou dos familiares nessas situações e deve trazer o conforto para ambos, nem que para isso seja necessário a eutanásia.
É claro que existem veterinários que não realizam a eutanásia. Por motivos como pessoais, profissionais ou religiosos, o veterinário pode se negar a realizar o procedimento e encaminhar ao colega. Da mesma forma, se o tutor optar por não realizar a "boa morte", o veterinário deve continuar o tratamento prescrito, tentando trazer a máxima qualidade de vida para o animal, dependendo da situação. E isso também, por vezes é frustante. É difícil para o veterinário ver o animal sofrendo e não poder realizar a cura, tendo realmente que esperar.
A eutanásia ainda traz muitas dúvidas as pessoas e muitas vezes não é realizada por medo de "fazer o animal sofrer". Na verdade, o objetivo é encerrar o sofrimento do paciente. Para a eutanásia, é necessário que o animal esteja completamente anestesiado, sem o risco de sentir nenhum tipo de dor e assim, aplicado a droga de escolha. Deve ser um procedimento rápido e indolor. O tutor deve autorizar por escrito e deve estar bem ciente do que é e de como é feito a eutanásia.
Da mesma forma que existem veterinários e médicos que são a favor da eutanásia, existem os que são contra e todos devem ser respeitados. É um assunto discutível e que deve ser debatido para que haja sempre um esclarecimento maior sobre o assunto por parte dos profissionais e tutores, e que tenha sempre a ética como guia.
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